sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Eu tenho medo de vendedores!

Manja trauma de infância Pedrinho? Pois é mais ou menos isso, só que com mais primaveras. Queria comprar mais, contribuir com os 3% de IOF mais a alíquota de 0,38%, prá encher os bolsos de nossos representes do Congresso, mas esse medo faz com que eu passe longe das lojas. Todos os dias passo em frente à uma loja famosa de calçados, e um frio percorre minha espinha. O suor escorre gelado, as pernas bambeiam e meu corpo treme. Olho de canto aquele exército de vendedores que esperam ansiosos, sedentos por sangue... O teu sangue!! Coloque um - apenas um - pé dentro de uma Marabraz, por exemplo. Adeus amigo. Sair de lá sem comprar nada é quase impossível. Eles te atacam, vorazes, sedentos, sem escrúpulos, sem piedade, sem medo do purgatório.

Não me lembro quando começou. Me recordo vagamente de uma experiência de quase morte. Vi, de longe, um tênis lindo, daqueles que você pensa : "Cara, esse tem que ser meu!", e isso me custou caro. Respirei fundo... Criei coragem. Estufei o peito e adentrei na loja. Ele estava lá, lindo, impecável, esperando por mim, na última vitrine. No primeiro passo dentro da loja, senti os olhares impiedosos deles. Os vendedores. Continuei a caminhada, rápida, decidida. Quando ia ser ferozmente atacado pelo primeiro, esquivei de maneira heróica, um giro de 180º leste, fingindo ver uma sandália Havaiana. Continuei. 2, 3, 8 passos. Uma moça veio em minha direção, e seu crachá indicava: TREINAMENTO. Gelei, suei frio. Essa é a pior espécie, pois a pressão do tempo de experiência faz com que cometam atrocidades. Passei no meio de uma roda de senhoras que discutiam qual pantufa era mais bonita, a lilás ou a verde-limão... Pensei então: "Ufa, falta pouco!", quando, num momento de descuido, fui cercado. Não tinha mais jeito, era meu fim. Meus pés pararam, meu coração parecia querer pular prá fora do peito.

Acordei horas depois, graças à ação rápida de uma competente equipe médica e de seu desfibrilador. Estava mijado e com a camiseta suja de vômito. Hoje ergo as mãos para os Céus e agradeço a quem inventou esse lance de compras via internet. É seguro, recebo a mercadoria em casa. Agradeço também a Lilly, por inventar o Prozac...

2 comentários:

Sérgio R. Bilck disse...

É uma verdade sim... Seres humanos travestidos em perigosos predadores urbanos...

Tem loja que eu nem entro, apesar até do interesse, por conta do assédio insuportável dos vendedores.

Pois é. É isso aí meu amigo, parabéns pelo ótimo senso de humor e pelo blog que está show de bola.

Até mais!

Unknown disse...

rapaz, você está se saindo muito bem!
parabéns...